Se você investe ou está pensando em investir em Business Development Companies (BDCs), como a Golub Capital BDC – GBDC ou a Main Street Capital – MAIN, já deve ter percebido que entender as taxas de juros é essencial para analisar o desempenho dessas empresas.
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Nós temos dois tipos de taxas de juros que as BDC trabalham:
- Variáveis
- Fixas
Isso significa na prática que as decisões do FED podem impactar nos resultados das BDC.
FED: é o responsável por controlar a politica monetáira dos Estados Unidos, como a taxa de juros e a quantidade de dinheiro em circulação. No Brasil, seria como o Banco Central - BC, que decide, por exemplo, a taxa Selic - aquela que influencia o quanto você paga de juros no cartão de crédito ou ganha na poupança.
Taxas fixas
As taxas fixas (fixed rates) são juros que não mudam. Parece bom, né? Mas nem sempre. As BDCs pegam dinheiro emprestado para fazer seus empréstimos, e esses financiamentos geralmente têm taxas variáveis, que sobem ou descem com o FED.
Se a BDC empresta a taxa fixa e os juros do FED sobem, ela ganha o mesmo dos clientes, mas paga mais caro no financiamento. É como vender brigadeiro a preço fixo enquanto o chocolate fica mais caro — o lucro encolhe.

O portfólio da Gladistone Investment Corp – GAIN, uma das BDC do grupo Gladistone, está BDC tem hoje cerca de 10% em taxa fixa. Isso vai ser bom em um mercado onde estávamos com taxa de juros alta e o FED cortar esses juros.
A GAIN terá feito vários empréstimos a taxa mais alta e irá receber mais do cliente do que irá pagar, desde de que os empréstimos que ela tomou foram de taxa variável.

Então aqui que mora o problema no caso da GAIN, ela tem uma grande fatia em taxa fixa.
SOFR: Secured Overnight Financing Rate, ou Taxa de Financiamento Overnight Garantida é uma taxa de juros usada como base para calcular os juros de empréstimos, principalmente os de taxa variável (floating rates), nos Estados Unidos.
Temos um problema grave e vamos explicar isto no vídeo.
Taxa variável
Já as taxas variáveis (floating rates) mudam junto com os juros do FED. Isso é ótimo para as BDCs quando os juros sobem, porque elas ganham mais dos clientes enquanto os custos do financiamento acompanham o mesmo ritmo.
Na GBDC, por exemplo, a maioria dos empréstimos é variável, o que ajuda a proteger os resultados em cenários de alta. Mas, se os juros caem, a receita também diminui — é o outro lado da moeda.

Podemos ver que a GBDC é uma BDC ancorada majoritariamente em taxa variável. Isso traz uma certa segurança com relação a cenários onde temos mudanças nas taxas de juros.
Se estivéssemos em um ambiente onde teríamos certeza para os próximos 4 anos como será a taxa do FED, aí faria sentido mover a BDC para uma taxa fixa, mas estamos justamente no momento contrário. Não sabemos nem como será a taxa no próximo trimestre.

Já no caso da Golub temos 19,24% em dívida fixa.
Por Que Isso Importa?
Quando você analisa uma BDC, precisa olhar a mistura de taxas fixas e variáveis. Se ela tem muito em taxas fixas e o FED sobe os juros, os custos podem apertar os lucros. Já com taxas variáveis, a BDC fica mais alinhada às mudanças do mercado.

A MAIN, por exemplo, mostra em tabelas que um aumento de 1% nos juros do FED pode subir o NII por ação em $0,22, porque boa parte do portfólio é variável.
Vídeo
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Takeaway
Investir em BDCs é entender esse jogo de taxas. Taxas variáveis podem ser amigas em tempos de alta de juros, enquanto as fixas trazem risco se o financiamento ficar mais caro.