Escolha empresas com fosso competitivo

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Se uma empresa domina um setor em um país ou mesmo ao redor do mundo é porque está fazendo algo muito bem feito e um negócio bem sucedido cria concorrentes que querem uma fatia dos lucros e a participação de mercado. Uma vez que uma empresa domina determinado setor parece que todos querem se envolver. Por conta disso é muito importante a empresa construir um bom fosso competitivo e é sobre isso que vamos falar hoje.

Empresas que possuem grande porção da participação de mercados e são capazes de aumenta-las certamente possuem uma grande vantagem competitiva, Warren Buffett utiliza essa vantagem como um crivo principal para comprar um negócio analisando a dimensão de sua vantagem competitiva. Ele até cunhou um termo para isso, o Fosso, e explicou que nos tempos remotos, os castelos eram protegidos por fossos. Quando os inimigos tentavam atacar o castelo, eles não tinham que enfrentar apenas os soldados mas também o fosso que cercava o castelo. Quanto mais amplo fosse, mais difícil era para o inimigo atacar o castelo.

Buffett tenta comprar negócios que tenham fossos longos pois isso torna a vida dos concorrentes difíceis e eles acabam não conseguindo obter participação no mercado. Como ele mesmo disse em uma carta anual aos acionistas da Berkshire Hathaway (recomendo a leitura de toda a carta):

In business, I look for economic castles protected by unbreachable “moats.”
Nos negócios, eu busco por castelos econômicos protegidos por fossos intransponíveis.

Estamos passando por um momento muito difícil na bolsa brasileira e principalmente na economia brasileira onde a tendência é de entrarmos em um ciclo de baixa por um longo período e apesar de todas as dificuldades as empresas que possuem um Fosso Competitivo conseguirão passar melhor pela crise.

Na verdade a história comprova que essas empresas que possuem um largo Fosso tendem a expandir seus Market Share e ampliar ainda mais esse fosso, pois os concorrentes que não possuem esse competitividade tendem a ficar pelo caminho e isso acaba dando às empresas, com largo fosso, ótimos frutos no longo prazo. Aquele investidor que conseguir suportar esse momento e persistir e é claro que se tiver na carteira empresas desse perfil irá se beneficiar quando as vacas gordas retornarem.

Antes de sairmos em busca desses grandes castelos econômicos protegidos por fossos intransponíveis precisamos entender os tipos de fossos que uma empresa pode possuir, ao compreender a natureza você conseguirá facilmente identificar uma empresa com vantagem competitiva. Na parte final desse artigo eu mostro os tipos de fosso que existem: https://viverdedividendos.org/os-indicadores-que-uso-para-analisar-empresas/ .

Você raramente vai ouvir um analista de mercado ou um site especializado falar sobre o fosso de uma empresa, mas um fosso é vital para conduzir o negócio com êxito. Como Buffett nos lembra esse é um dos segredos mais importantes de um investimento:

A chave para o investimento não é avaliar o quanto o setor afetará a sociedade ou quanto ele crescerá, mas determinar a vantagem competitiva de uma empresa e acima de tudo a durabilidade dessa vantagem. Os produtos e serviços que tem um fosso largo e sustentável ao redor são os que recompensam os investidores.

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7 COMMENTS

  1. VDD,
    Excelente post. Este ponto do fosso é central na maioria das discussões sobre importância da cotação ou não. Quando uma empresa possui um fosso relevante, os lucros são tão consistentes que não importa muito o preço da cotação, pois no longo prazo a rentabilidade vai ser boa.

    A lógica é a seguinte:

    1) A empresa tem um fosso que impede a concorrência de se aproximar
    2) A cotação atual é cara (vamos supor, simplificando, P/L 25)
    3) No longo prazo a empresa vai manter a lucratividade alta, graças ao fosso
    4) O P/L vai continuar alto (=25), para quem comprou e manteve, o preço acompanhou o lucro, então a rentabilidade também foi alta

    O risco está em certificar-se que o fosso era realmente suficiente para aguentar o tranco no longo prazo, sendo assim o preço não importa.

    Mais 2 curiosidades adicionais.

    Concordo que o fosso da CRUZ3 é enorme e as restrições de propagandas e altos impostos apenas retiraram o poder da concorrência. Como a CRUZ3 tem uma fortíssima capilaridade, ela tem um fosso quase intransponível. Tanto é boa que a BAT vai fazer a OPA e ficar com tudo pra ela.
    Na foto do cabeçalho do seu Blog da Times Square, que me parece que é de 2010, aparecem propagandas de 2 empresas que eram líderes em seus segmentos mas que não souberam aproveitar (ou não tinham fossos suficientemente grandes): Maxell e Kodak.

    Abraços

    • Olá Economicamente Incorreto, mas que de incorreto não tem nada rsrsrs muito boas as suas observações. Acontece que como você disse, dificilmente vamos encontrar empresas desse tipo com desconto no preço, o mercado sempre paga um prêmio a mais por esse tipo de fosse que proporciona “segurança”.

      Muito bem lembrado, talvez a Kodak seja o melhor exemplo de uma empresa que possuía um enorme fosso mas conseguiu perde-lo. Os diretores vivam a dizer na época para o mercado que câmeras digitais eram marolinha que logo todo mundo voltaria para as fotos tradicionais. Um investidor para cair nisso teria que ser muito cego ou muito idiota, enfim a empresa foi perdendo ano a ano o fosso que havia construído, por isso acho importante esse acompanhamento da diretoria, ver se os caras estão antenados e percebendo as mudanças do mercado e tomando as atitudes corretas.

      No caso da CRUZ a diretoria percebeu que seu maior fosse que era o mercado interno e estava encolhendo, logo começaram a focar no mercado externo, sábia decisão ao meu ver, vale lembrar que no mercado externo ela é só mais uma exportadora de tabaco, lá o negócio é completamente diferente, bem mais selvagem do que brincar no quintal de casa.

      Agora só pegar um outro exemplo recente de uma empresa muito conhecida mundialmente que tem visto seu fosso encolher nos últimos anos o McDonalds tem enfrentado serias dificuldades no mercado mundial e principalmente no mercado americano, mas diferente de Kodak os diretores perceberam a mudança do mercado e estão se ajustando, dê uma lida nesse post de dezembro onde explico melhor o caso do MCD, pode dar certo ou não, mas o importante é que os caras estão se mexendo e tentando achar soluções para enfrentar as mudanças e ficarem mais competitivos, isso mostra a qualidade da administração e eu valorizo bastante esse ponto.

      Não só identificar esses fossos é importante como também acompanhar se a administração está fazendo o possível para amplia-lo.

      • VD,

        Pois é meu amigo. Parece brincadeira né? Nós estávamos conversando sobre a Souza Cruz e no dia seguinte ela anuncia a sua OPA, rs. Enfim, menos uma ótima empresa na Bolsa…

        Abraços.

  2. Olá VD,

    Muito boa a sua postagem. Empresas com vantagens competitivas também são as minhas preferidas. O que você acha da CRUZ3? Enxerga futuro para ela mesmo com as restrições ao cigarro?

    Abraços.

    • Saudações I.L

      CRUZ3 é uma excelente empresa, ótimos números e muito bem administrada. Na verdade eu acho que essas restrições de cigarro do governo são mais benéficas do que maléficas, na verdade elas criaram um enorme fosso para a empresa, primeiro a empresa economizou em marketing, segundo conseguiu o monopólio do mercado, os Chinas já criam problemas para a CRUZ agora imagina se fosse um mercado aberto.

      A empresa tem metade da receita voltada para exportação do tabaco e isso vem crescendo ano a ano talvez até mais nesses próximos anos com a desvalorização do real e pra ser sincero essa proibição de cigarro só tem aqui e nos EUA na maioria dos países que visitei o pessoal fumava igual chaminé rsrsrs e outra não importa a restrição que criarem quem for viciado em cigarro vai comprar de qualquer jeito, custando 1 real ou 10 reais o maço

      • VD,

        Concordo com tudo o que você diz. Mas o que preocupa-me nela é que o número de fumantes, ao menos no Brasil, cai a cada ano. Você acha que a empresa pode ser extinta a longo prazo? O certo contra o cigarro está cada vez maior…

        Eu, como investidor, estou preocupado com os lucros. Com menos pessoas fumando, temos menos receita, e provavelmente menos lucro, mesmo que ela reajuste os preços acima da inflação.

        Abraços.

        • Sim, de fato o numero no Brasil vem caindo e bastante, mas não é uma coisa que no curto prazo vem preocupar eu acredito que teremos ainda até o findar dessa geração uma boa parcela de fumantes, mas a garotada que está vindo agora já não procuram mais o cigarro, por isso eu acho importante acompanhar esse foco que a empresa vem fazendo nas exportações, o mercado interno está fadado a minguar com o tempo.

          Agora o futuro da CRUZ é meio ambíguo, imagina se nesse meio tempo a maconha é legalizada no país, pra onde não iria parar os lucros da CRUZ… já me disseram que a empresa tem até os modelos, marketing e tudo para a comercialização do cigarro, sei que é algo muito improvável mas com esse partido maluco que temos no poder não se pode duvidar de nada.

          Agora coincidência estarmos debatendo sobre ela e sair a noticia do OPA, inclusive fiquei sabendo pelo seu Blog quando acordei caiu no meu Feed, enfim acho que esse intenção de OPA coloca uma pedra em cima de qualquer argumento positivo ou não sobre a empresa. Uma pena realmente ela sair da bolsa, por essas e outras que fico a pensar em migrar cada vez mais meu capital para a bolsa americana a diversidade de boas empresas lá é esmagadora comparada com a bolsa BR, mas isso é assunto pra outros papos rsrsrs

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